Wednesday, December 10, 2014

O TIC TAC DO RELÓGIO


Tic tac, o relógio rouba meu pensamento
Jamais gostei de andar em cima da hora
Por isso autorizo a bater noite adentro
Mesmo que  meu  nobre sono vá embora.
Tornei-me escravo do meu próprio tempo
Todas as noites, é interminável  anáfora

Uso esta duração, fito a trinca de ponteiros
Exercendo  cronometricamente, a vil função.
Percebi que  sincronizados  são certeiros
Na  maratona, o grande parece aguilhão
Comprido, dobra voltas nos seus parceiros.
O pequeno em  derradeiro, quanta lentidão!

La vão eles, sem  revezamento e descanso  
O grande  adiantou-se, avançando segundos  
O pequeno disse : qualquer dia eu te alcanço
Tem no coração ressentimentos  profundos
O médio  retrucou:  vejam ! Nunca me canso  
Estou  acostumado, sigo todos os rotundos   

Mais devaneios sem tarja preta , só agonia.  
Pela janela adentra os primeiros raios do sol
Lá fora os pássaros  já gorjeiam em sinfonia
Aqui dentro relutante, abandono meu lençol
Vivo em estado de embriaguez em pleno dia
Me revigoro passeando no jardim do labaçol

As alusões concentram-se  em minha mente
Retornando para casa, o reencontro, a rotina
Pressinto a noite me abraçando vorazmente 
Meu nervo incontrolado libera adrenalina
O som dissílabo propaga no ar em repente 
Aquele maldito tic tac , que nunca desafina...